terça-feira, 25 de agosto de 2009

O PODER das Nossas Acções

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Um dia, quando eu era caloiro na escola, vi um miúdo da minha turma a caminhar para casa depois da aula.

O nome dele era Kyle. Parecia que estava a carregar os seus livros todos. Eu pensei: “Porque será que leva os livros todos numa sexta-feira? Ele deve ser mesmo marrão”.

Como já tinha o meu fim-de-semana planeado (festas e um jogo de futebol com os meus amigos no sábado à tarde), encolhi os ombros e segui o meu caminho.
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Conforme ia caminhando, vi um grupo de miúdos a correr na direcção dele. Eles atropelaram-no, arrancando-lhe todos os livros dos braços e empurraram-no, de forma que ele caiu no chão. Os seus óculos voaram, e eu vi-os aterrarem na relva a alguns metros de onde ele estava. Ele ergueu o rosto e eu vi uma terrível tristeza nos olhos dele. O meu coração penalizou-se por ele. Então, corri até ele enquanto ele gatinhava à procura dos óculos, e pude ver uma lágrima nos olhos dele.

Enquanto lhe segurava os óculos, eu disse: “Aqueles tipos são uns parvos. Eles deviam era arranjar uma vida própria”. Ele olhou para mim e disse, “Obrigado!”. Havia um grande sorriso na sua face. Era um daqueles sorrisos que realmente mostram gratidão.

Ajudei-o a apanhar os livros, e perguntei-lhe onde morava. Por coincidência ele morava perto da minha casa, então perguntei como é que nunca o tinha visto antes. Ele respondeu que antes frequentava uma escola particular. Conversámos todo o caminho de volta para casa, e carreguei-lhe os livros. Ele revelou-se um miúdo muito porreiro.

Perguntei-lhe se queria jogar futebol no Sábado comigo e com os meus amigos. Ele disse que sim. Ficámos juntos todo o fim-de-semana e quanto mais eu conhecia Kyle, mais gostava dele. E os meus amigos pensavam da mesma forma.

Chegou a segunda-feira, e lá estava o Kyle com aquela quantidade imensa de livros outra vez. Chamei-o e disse, “Diabos, pá, vais ficar realmente musculoso a carregar uma pilha de livros como essa todos os dias!”. Ele simplesmente riu e entregou-me metade dos livros.

Nos quatro anos seguintes Kyle e eu tornámo-nos os melhores amigos. Quando nos estávamos a formar começámos a pensar na Faculdade. Kyle decidiu ir para Georgetown, e eu ia para a Duke. Eu sabia que seríamos sempre amigos, que a distância nunca seria um problema. Ele seria médico, e eu ia tentar uma bolsa na equipa de futebol. Kyle era o orador oficial da nossa turma. Eu provocava-o o tempo todo por ele ser um marrão.

Ele teve que preparar um discurso de formatura. Eu estava super contente por não ser eu a subir no palanque e discursar. No dia da Formatura eu vi Kyle. Estava óptimo. Ele era um daqueles tipos que realmente se encontraram durante a escola. Estava mais encorpado e tinha uma boa aparência, mesmo usando óculos.

Ele saía com mais miúdas do que eu, e todas o adoravam! Às vezes até ficava com alguma inveja. Hoje era um desses dias. Eu podia ver o quanto ele estava nervoso por causa do discurso. Então dei-lhe uma palmadinha nas costas e disse: “Ei, moço, vais sair-te bem!”. Ele olhou para mim com aquele olhar (aquele olhar de gratidão) e sorriu. “Obrigado”, disse ele. Quando subiu ao palanque, limpou a garganta e começou o discurso: “A formatura é uma ocasião para agradecermos àqueles que nos ajudaram durante estes anos duros. Aos pais, aos professores, aos irmãos, talvez até a um treinador, mas principalmente aos amigos. Eu estou aqui para lhes dizer que ser um amigo para alguém é o melhor presente que se pode dar. Vou-lhes contar uma história”.

Eu olhei para o meu amigo sem conseguir acreditar enquanto ele contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos. Ele tinha planeado suicidar-se naquele fim-de-semana. Contou a todos como tinha esvaziado o seu armário na escola, para que a mãe não tivesse que fazer isso depois de ele morrer, e estava a levar as suas coisas todas para casa. Ele olhou directamente nos meus olhos e deu-me um pequeno sorriso. “Felizmente fui salvo. O meu amigo salvou-me de fazer algo inominável”. Eu observava o nó na garganta em todos na plateia enquanto aquele rapaz popular e bonito contava a todos sobre aquele seu momento de fraqueza. E vi a mãe e o pai dele a olhar para mim e a sorrir com aquela mesma gratidão. Até àquele momento eu nunca me tinha apercebido da profundidade do sorriso que ele dirigiu naquele dia.

Nunca subestimes o poder das tuas acções, ainda que te pareçam insignificantes Um simples sorriso pode significar muito na vida de uma pessoa. Com um pequeno gesto podes mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou para pior.
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Procura o bem nos outros e para os outros.
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